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quinta-feira, maio 19, 2011




  Vim um documentário muito interessante sobre a prostituição na TF1. Há sempre curiosidades que nos percorrem o espírito...


   As prostitutas entradotas que deram a cara era todas queridíssimas. Vou tentar sintetizar apenas o sumo.

   Havia quatro prostitutas, entre os 50 e os 77, todas ainda a exercer a profissão. Uma delas, recordava com grande nostalgia:

  -  "Pigalle não é nada sem as prostitutas!Que graça era vê-las de um lado para o outro!" e  acrescentava de lágrimas nos olhos:

   -"Que bons velhos tempos!"

     A amiga, de há já 40 anos, subscrevia tudo o que a outra dizia e acrescentava:

    - "Éramos uma família!"

    Quando vinham as rusgas e uma delas ficava sem trabalho, as outras trabalhavam mais para poder pagar o prejuízo da lesada. Hoje em dia, pelo que contam, nada funciona como dantes.

     Esta disse, ainda, que passou momentos agradabilíssimos, que vendeu sexo virtual (as técnicas não passam pela penetração nem pela felação literal), vendeu poesia, mas que  nunca se vendeu a si própria.
   
    Acrescentou que o que as levava a viver assim estava sempre relacionado com uma ruptura familiar e a necessidade de sobrevivência.

    Outra explicava que recebia os clientes na sua morada fixa: uma furgoneta branca, estacionada na rua. Ali, ela fazia unica e exclusivamente o que ela decidia fazer. "Não é o cliente que escolhe!" E explicou assertivamente:

    - Eles já sabem o que nós fazemos e vêm para isso.

    Explicou que a vida que leva não a desagrada e que o faz pelos netos. Posso confirmar que a senhora tinha uma filosofia de vida invejável. Na furgoneta, junto da cama "do pecado", tinha a imagem de Nossa Sra de Fátima que, a seus olhos, a protegia.

    Outra, muito engraçada, dizia já estar farta daquela vida, mas que naquele dia, por exemplo, tinha que fazer pelos menos 400 euros para pagar as dívidas. Na parede da sua furgoneta tinha uma foto sua de quando era nova. Pensou:

   - Mas porque é que eu hei-de pôr na parede outro alguém que não eu?

   Foi feita referência às prostitutas com mais de 80 anos, ainda em actividade. A razão principal deve-se ao facto de terem de pagar o quarto onde dormem e à necessidade de se alimentar. Vêem-se obrigadas a pedir preços entre 5 e 10 euros.

      A prostituição dos dias de hoje é bem diferente, mas ainda assim, parte dela, bem longe da miséria que habitualmente se fala.
    

       É admirável a dignidade destas mulheres que deram a cara, utilizando um discurso brilhante e inteligente.

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